Publicado  segunda-feira, 22 de novembro de 2010

HOJE SOU LYA

Distúrbios de amor,idolatrias do egoísmo. É o que satisfaz as mentes mais insanas,menos mundanas. Concentrado no que chamo de ego não-particular, afinal todos estamos sujeitos a compadecer perante os desafios e os improvisos que o tempo manipula sem ser manipulador. Hoje,tirei o dia pra falar de amor. Meio monótono esse papo de voto,eleição,Lula,Dilma,sei lá mais quem. Ficou chato falar de quem o Brasil ama. Melhor falar de nós um pouco.
Sem clichês,mas é concreto dizer que ser abstrato anda em falta. Falta-nos a matéria-prima,a sensatez da bondade. Escutamos muito,quando deveríamos falar mais,gritar,ecoar,apodrecer os ouvidos que nos negam e os olhos que teimam em não ver. Ignorantes e mesquinhos,trabalhamos com afinco quando temos tempo para sermos.
Atitudes,desejos,escolhas,tornam o ser humano egoísta. Este assunto está chato? Então você é um egoísta. Não pensa em entender um pouco,as questões de relacionamento. Pensar ser feliz não é tudo. Estar feliz é tudo. O egoísta não nasce sendo um. Ele adquire o vício de ver em si mesmo,o reflexo do egocentrismo dominando o outro. Obsessão é uma anomalia nestes casos. E o outro,vê no egoísta a sua derrota pessoal,um infantilismo educativo e próprio para lutar contra as escolhas que não lhe são as melhores apropriadas.
Eu sei. Eu estou meio Lya Luft hoje. Mas é que eu nunca a lia,pois ela é a escritora dos assuntos esquecidos por nós. E remanejo todo o meu pensamento para esta qualidade inquietante que temos: a de nos esconder das coisas mais simples da vida. Lya diz: “Sou fascinada pelo lado complicado. Tenho um olho alegre que vive: sou uma pessoa despachada, adoro família, adoro a natureza. Mas eu tenho um outro olho que observa o lado difícil, sombrio. A minha literatura nunca vai ser "aí casaram e foram felizes para sempre". Minha literatura sempre nasceu do conflito, da dificuldade, do isolamento.”
O feliz para sempre,caiu de nosso coração,escondeu-se na sola,e virou poeira. Ela está correta.A questão inteira,é o egoísmo,o isolamento não pedido por nós. Solidão tanto pedida,e tanto refutada. Somos solitários porque ás vezes, queremos. Sendo amados, mas não amando. As sombras,que Lya refere-se, são o lado mais escroto do ser humano,dos quais chamo de tragédia moral e pessoal. Ela é a prova do contrário. Casou-se duas vezes,com o mesmo homem,mesmo tendo vivido em outro casamento,tudo moralmente de acordo com o que amava. Incontestável o direito de que afirmo em meus livros de poesia: O amor adormece,para viver paixões. Não é novidade,para quem viveu ou vive o charme da escolha de amar ou viver uma paixão.
Se você chegou até o final desta crônica,( e não precisa ser o editor-chefe do jornal) é porque realmente gosta de ler. Ou melhor dizendo: Há tempos não lia sobre o amor,egoísmo e suas escolhas. Pois bem. O amor nos faz egoístas,mas na virtude da qual,amar torna-se uma pessoa apenas. O que poderia atordoar ainda mais meus distúrbios pessoais,e atordoar o que já é distúrbio é meio Freud,é a inconsequencia de amar. Amar ao mesmo tempo,mesmo com diferentes universos mentais. Luta diária entre um casal.

Hoje eu estou “pensamento Lya”. Amanhã,quero ser mais “razão Luft”.
Phelippe Duarte

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