Publicado  terça-feira, 16 de agosto de 2011


SEGUNDO DOMINGO DE AGOSTO,MEU CALENDÁRIO ETERNO

Não,ainda não é uma data comum para mim.Certamente,é onde quero mais que o domingo seja eterno.Por que para casos como o meu,o segundo domingo de agosto,está escrito em todos os dias do calendário da minha mesa de trabalho.
Vejo que o tempo é um inimigo que se disfarça de amigo. Vem por vezes com uma doce lembrança,um sonho presencial,ignorando a ausência notável aos olhos.E por outras vezes,aparece-me como um senhor do meu horário,querendo dominar meus sentimentos passados e atuais. O tempo que eu sempre achei que precisasse para esquecer a dor de uma perda,é o tempo que mais preciso para entendê-la. O mistério é tão discreto quanto transparente. Olhe nos olhos de quem sofreu e você perceberá que ali não são apenas cor e íris. Voltando a um velho momento,em que recebo uma cortesia que a vida me dá,para visitar costumes antigos,sinto-me como criança outra vez. Ou como sempre. Eu acredito que sempre estarei perto e não ao contrário. Enxergo com frequente clareza,como seguir em frente.E como já disse antes por aqui,tenho pés de Curupira. Ainda mais neste caso,em que penso no mesmo homem todos os dias. É, soa amor,pra quem costuma ler ou escutar isso. Imerso no trabalho,não paro um minuto sequer para imaginar o por quê de tantas coisas boas acontecerem na minha família.Olho para o lado e nem perturbo minha paz. Descuido- me e deixo-me lembrar: Tenho o que conquisto,por conta dele. E conquistas,através da continuação de um trabalho e não da profissão “ingrata” de herdeiro,como muitos tem o privilégio (?) de ter.
Amo continuar o que meu pai deixou. Não do mesmo jeito,mas com os princípios e valores. Deixou-me família e trabalho. E não há herança mais prazerosa do que andar em cada esquina por onde ele passou,e ver o amor e carinho nos olhos de quem nos olham.Vejo,que a perda foi a mesma,sem ter o mesmo significado sanguineo.
Mas não são palavras de tristeza. Esta crônica é para dignificar o quão é válido termos um pai. E sermos filhos,na qualidade de quem já o teve. Não serei ufanista. Existem vários vagabundos que colocam filhos no mundo,e que seria melhor continuar no onanismo. Pilantras,extorquem seus meninos nas ruas,no tráfico,na mão –de-obra escrava. Babacas também são pais,mas não sabem o que é ser um pai. Existem diversos tipos. E os melhores,são os que marcam nossas vidas além da genética. De alguma forma,sei que sou guiado. Tenho um manche nas costas,e no controle,o velho capitão de sempre. O velho negão lobo do mar.
Quando engasgo,é porque vejo que é a hora certa de parar o texto. Só que minhas lágrimas reproduzem  palavras,e o que não consigo mais distinguir neste tipo de linguagem sentimental da razão,é que para todos os segundos domingos de agosto da minha vida,serão como todos os dias do meu calendário.
Muitos dizem adeus quando perdem. Eu disse que amava. Percebe-se a diferença exata. Meu pai de sangue e sombra guia,me olha,enquanto meu pai literário,bom e querido Luís,ri dos meus textos dando tapa na cabeça de algum anjo.
É,sempre assim. Para os papais,um grande beijo e um conselho: Olhe para o seu filho,e faça com que este olhar,seja um espelho recíproco.Redundante: Para ambos.
Enquanto pisar por estas terras,meu segundo domingo de agosto,será todos os meus dias.
Calendário tal filho,tal pai.
De repente
Nada é como o sempre
Eu visto suas roupas
Visto o seu cheiro
Mas não chego aos seus pés.
Mesmo seguindo os seus passos”

Phelippe Duarte

Mesma Coisa

Publicado  segunda-feira, 8 de agosto de 2011


É tudo a mesma coisa,às vezes olho pro dia,e penso em dirigir para casa,e mesmo sendo longe,eu rodaria uma estrada inteira,uma noite completa,para voltar.É tudo a mesma coisa. Somos procurados sem ter feito nada.E todas as ruas que ficam no meu retrovisor,tem pedaços de paixões partidas. Somos procurados,meu amor. Respirando ou não,estamos na mesma estrada.
É tudo ou nada,quando o duelo se aproxima
Voltamos para casa sem ter saído
E no meio da viagem,as coisas que mais incomodam
São a saudade dos costumes e a intolerância às novidades.


É tudo a mesma coisa
Só os nomes mudam
Elas continuam as mesmas
E quantos casos elas tiveram
Quantos!
E no meio de tantos,
Ela ainda verá a mim. 

JABOR ESTÁ CERTO?

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A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras. Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida.Lendo esta citação de um mestre,resolvi indága-lo:

Quando Jabor afirma isso,ele não me quer por perto,ou ele sempre me quis por perto? 
Sempre mostrei confiança,mesmo que no momento final. 
Sempre mostrei que o desafio,era só o tempo passar. 
E amar,amar e amar. 
Se a tradução do amor está nos beijos,no sexo e nas palavras,
O que há de menos real do que estar longe?
Estar longe é a realidade.
Se Jabor estiver certo,eu preciso ligar? 
Sentir-se amado,é saber quem você ama de verdade,
E não ter,nunca,espaço para dúvidas.
Amor não é talvez nem será. 
É real liberdade,que a vida nos dá poucas vezes: bater de frente,com o amor da sua vida.
E deixar a vida,levar você. 
Como levou?

Phelippe Duarte

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MARIA DA PENHA,A MULHER SEM BRECHAS.
Maria da Penha não terá mais brechas. Soa meio pornográfico ou eu que interpreto mal as coisas? Não mesmo. Maria da Penha não terá mais brechas. Dona Maria,está praticamente protegida de qualquer imbecil que queira levantar a mão contra ela.Ou furar suas brechas.
Depois de cinco anos de vigência e mais de 1.952 milhão de atendimentos através do serviço 180,dos quais 22,3%,ou seja,434.734 eram relatos de violência contra a mulher,a lei pode tornar-se válida,constitucional,não havendo a possibilidade de recurso por parte do agressor. Recentemente,a justiça negou um recurso de um animal,Cedenir Balbe Betroni,que fora condenado a prestar serviços comunitários por empurrar e agredir sua companheira. Os Cedenirs da vida,que se preparem.Ou morrem na rua,na cadeia,ou começam a agredir a si mesmo.
A maioria das agressões são registradas como físicas,psicológicas,sexuais,tráfico de mulheres ou cárcere privado. Lembro muito do filme Busca Implacável,onde o enredo conta a história de uma menina de 16 anos que viaja com amiga,e é seqüestrada por uma quadrilha que tem como especialidade,o tráfico de mulheres.As virgens valem mais.No filme,a sorte da menina,é que o pai dela foi o Rambo contemporâneo,e matou metade do filme para ter a filha novamente. 1.952 milhão de atendimentos. A nossa Busca Implacável é contra os covardes. Mas quem é o nosso Rambo contemporâneo? Lula em 2007,fez um pedido  que tramita no STF,onde a Corte teria que declarar a lei constitucional. A ação foi proposta para evitar brechas na Maria da Penha e uniformizar até onde a Justiça pode atuar e recuar dentro desta lei. Nosso Rambo foi o Lula? Ainda bem que a série de filmes terminou,apesar de o poder estar nas mãos do PT há exatos 9 anos.A Ministra da Secretaria das Mulheres Iriny Lopes,disse que “é um presente que o STF dará não só as  mulheres mais também para a sociedade.” Presente? Então está certo. Vamos agradar as mulheres com presentes. Elas não gostam de presentes? Melhor do que um tapa,é uma lei que não tem mais brechas para ser burlada por qualquer mata-corpus  de advogado de agressores frustrados mentalmente e sexualmente. Homem que bate em mulher,tem a mente agredida por seus pensamentos pequenos,medíocres e pobres. Mas o silêncio da maioria das mulheres,incomoda o grito que precisar ser ecoado contra estes tipos de idiotas. De acordo com pesquisa realizada pela Secretaria das Mulheres,sobre quais mulheres entram em contato com o serviço 180,  maioria é parda (46%), tem entre 20 e 40 anos (64%), cursou parte ou todo o ensino fundamental (46%), convivem com o agressor há mais de dez anos (40%) e 87% das denúncias são feitas pela própria vítima. Isso depois de apanhar umas 30 vezes no rosto e outras 50 com cabo de vassoura.O balanço registrou ainda, que 59% das vítimas declararam não depender financeiramente do agressor e, em 72% das situações, os agressores são os maridos das vítimas. Os números mostram, ainda que 65% dos filhos presenciam a violência e 20% sofrem violência junto com a mãe. São números impressionantes. Os filhos assistem a violência acontecer em casa.Correm pra televisão às vezes,com medo de não ver mais gente ruim,e vêem apenas gente ruim na novela Insensato Coração,da Globo.Há maldade por toda a parte. Até nos olhos de um amor dócil.
Nossas mulheres precisam mais do que um número para ligar. Necessitam acreditar,que para ser feliz,não é que tenham que conhecer por inteiro o companheiro. É saber que na primeira ameaça de agressão,nunca houve a intenção de amor. A vida tem muito mais a oferecer,do que o peso dos cinco dedos.
Maria da Penha,agora é uma mulher sem brechas, para qualquer primata.

Phelippe Duarte