HOMENAGEM

Publicado  segunda-feira, 24 de maio de 2010

E NO JORNAL CELESTIAL...



A correria é grande nos arredores da redação do Jornal Celestial.São Tomé corre atrasado com a sua coluna matinal,e pressiona o estagiário Gota de Chuva a entregar o mais rápido possível,pois São Pedro não aceita atrasos e solta raios e trovoadas quando a coluna não chega.Mas São Tomé diz,que só acredita nessa raiva e nesse raio, vendo.
São Paulo ainda não tinha encontrado um final apoteótico para o seu texto sobre o jogo entre Anjos X Arcanjos,com o time dos Arcanjos completo pelos jogadores do Manchester United,do fim dos anos 50. São Paulo queria decifrar o Anjo das pernas tortas,que jogava na ponta direita dos Anjos,o tal do Mané. A redação estava uma loucura,o jornal nunca tinha ficado 41 dias sem sair na Banca das Nuvens. São Pedro esbravejava,mas com o semblante de que sabia,que Alguém estava atrapalhando propositalmente o serviço dos Santos,e estaria guardando alguma surpresa.
As palavras mexiam com a novidade da notícia. Reuniões demoradas e assuntos sigilosos rondavam as espreitas pelos portões dos céus. Ninguém sabia o que poderia acontecer nas próximas horas. São Francisco deixara os pássaros com fome um dia inteirinho,tentando escutar por trás das nuvens,mas São Pedro o repreendeu.
Na manhã da última segunda-feira,fortes rumores esquentaram a redação. Falava-se que a capa e o título já estariam prontos,e que para continuar o Jornal Celestial agora,só com a chegada de um ilustre cidadão aos céus,que poderia ser ainda naquele mesmo dia.
São Pedro convoca a última reunião. Manda São Tomé e São Paulo,mudarem as colunas do dia. Pede ao estagiário Gota de Chuva,que toquem os tambores e as cornetas do Jornal,a partir das 14 horas. Chama São Francisco para receber junto a ele,o mais novo chefe de redação e jornalismo da bancada. E assim,os tambores e as cornetas soaram ao som do vento,ao horário pedido.
- Bom dia Mestre Jurivê. Disse eufórico o menino Gota de Chuva,estagiário da redação.
- E aqui não é sempre dia e bom,meu filho?
São Pedro o recebia na sala do Jornal Celestial com todas as regalias que merecia um octogenário e onipresente jornalista. Um homem digno de suas palavras e veracidade no conhecimento do que dizia. Não que o Jornal Celestial o selecionou entre os mortais,para causar tristeza entre seus familiares e amigos. Nem para determinar que os melhores estão sempre por lá. É que Mestre Jurivê,já tinha realizado tudo na vida. Fez de sua trajetória na Terra, a frase mais simples que um homem pôde escrever.Fez da sua família,o texto mais belo,que alguém poderia ter feito. Fincou seu nome com tinta e concreto,na história da imprensa de Imperatriz e do Maranhão. Veio de Porto Nacional e no cais do Rio Tocantins,alçou voo para os céus.
- Mestre Jurivê,gostaríamos que você tomasse conta da redação do Jornal Celestial. Afinal,a estrada verdadeira começa agora,e nós sabemos o quanto você ainda tem para contribuir com a vida de quem lhe tem em saudades.
- Tudo bem São Pedro. Só que eu vou avisar o seguinte: Quando comecei na oficina manual,havia um ensinamento de que na oficina,quem sente o cheiro da tinta,de lá não quer mais sair.


- Engrandeça o Jornal Celestial,Juredo.
E na primeira página do Jornal Celestial,o título da matéria:
“ Jurivê de Macedo está em nossos braços,afirma Deus”.

Ano passado,Jurivê de Macedo me elogiou em sua coluna neste mesmo caderno Extra,na página da AIL,algo que muito,mas muito me emocionou,por ter vindo de quem veio. É uma derrota pessoal minha homenageá-lo,após a sua partida. Espero que um dia, faça jus ao que ele me disse através do jornal,naquela coluna. Que as palavras,crônicas e matérias,fiquem de luto em respeito a quem tanto lhes deu carinho.

Phelippe Duarte

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