Publicado  segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

LUÍS BRASÍLIA
É até uma heresia,usar palavras para homenagear Luís Brasília.Elas deveríam ficar em silêncio,invisíveis ou desmanchar-se,como em uma sopinha de letras. Os jornais deveriam amanhecer em branco,os violões sem cordas e o som em um desatino total,como reverência à quem sempre curvou-se para todas as formas de comunicação e arte.
Luís tinha o estilo sem estilo. Arrojado,fora do seu tempo e além,totalmente além,do que chamamos de contemporâneo. Tinha uma grandiosidade,que somente os diferenciados possuem. Era carregado de uma sintonia pulsante entre dizer o que pensava e nem sempre dizer o que pensava.Quando dizia,causava êxtase. Quando não dizia,causava inquietação aos ouvidos mais próximos. Muitos achavam,que ele vivia sozinho,solto ou largado. Luís Brasília,era dono do seu próprio mundo,morava ele e outros célebres culturais,sejam regionais ou nacionais. Para entrar neste mundo,ou sendo amante da arte ou casado com a gramática.
Nunca foi membro efetivo da Academia Imperatrizense de Letras,dizia-se “ membro virtual”.Eu assinava em baixo,pois existem imortais,que não precisam da imortalidade,para serem vistos como tal. A inovação que ele trazia em mente,não estava pronta para a mesmice que tomou conta de nossa cultura,não por falta de talentos,mas por falta de um batalhão para acompanhá-lo na luta de abrir a mente das pessoas para nossa cultura.Ai sim,Luís Brasília era sozinho.
Quando prefaciou meu primeiro livro de poesias,(lancei aos 19 anos de idade),Sentimentos e Contradições,ele escreveu: “ ...Mas nós precisamos sempre e cada vez mais da poesia: fria-morna-triste-alegre-voraz-pacifista-vomitada-milimetrada-coloquial ou não.Sempre e sempre dela necessitamos.Por isso e não por vezes o artista é dublê de si próprio,dos seus próprios sentimentos lotados de contradições.Ironia absoluta!Humor negro! Mas o poeta pode e não foge do tema.Sabe que quando a gente não pode nada a gente se avacalha,a gente se esculhamba.Aqui o poeta pode e,mesmo imaturo,encara letras,palavras,frases,versos e faz poesias para um-seu-amor-agora-já-logo-distante,mas para sempre,presente aqui...”
Este foi um trecho,de apenas um,entre os tantos brilhantes textos escritos por Luís Brasília,o escritor cultural que não precisava lançar livros,escrever poesias,ou saber tocar algum instrumento musical.Ele não precisava,porque ele era a arte em pessoa. Um artista,se não dublê de si próprio,dublê de todas as ações que o fizeram ser um grande homem,antes de um grande nome na cultura.De repente,os grandes se escondem,e são derrotados pelas limitações que o mundo atual tem,em relação as suas ideias. Luís Brasília deportou-se da vida comum.Essa vida não apresentava mais nada de relevante para ele,ao menos culturamente.Nós,vamos entender o que ele representou,quem sabe daqui uns anos.Seria muito inconveniente,como é escrever sobre ele,quando as palavras deveriam ficar mudas aos olhos,tentar entendê-lo.
Existem homens que nascem para serem entendidos,porém,enquanto vivos. Decifrar a morte,é função indigna. Não tenho fim para este texto.Luís Brasília não teve um fim,como o conhecimento,não tem.Se não fosse por ele,eu não escreveria o que penso e seria um completo analfabeto cultural. Que as palavras se calem aos nossos olhos...............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................em respeito a quem tanto lhes deu respeito. Como ele dizia pra mim: “Beijo,fica com Deus,te amo”
Beijo tio Luís,vai com Deus,nós te amamos.

Phelippe Duarte
Cronista,poeta e filho de Luís Brasília,se não de DNA,de ABC.

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