O DIA QUE O AMOR ENDOIDOU

Publicado  segunda-feira, 13 de junho de 2011

O DIA QUE O AMOR ENDOIDOU
O dia dos namorados ganhou um casal sul-americano.Diferente,despojado,casal linha dura.Nem sei quem é o homem da casa. A declaração de Hugo Chávez,o Don Juan da Venezuela,foi para a mulher mais sensível do Brasil.Ela nunca gritou com nenhum Ministro.Imagina com um presidente.
Hugo,com muy amor,disse:
“A primeira vez que eu ouvi a Dilma falar ela roubou meu coração. É verdade. Eu sempre falei isso. Começamos essa aproximação há uma década, mais ou menos, e Dilma tomou a palavra e eu confesso a minha ignorância. Eu não a conhecia. Perguntei ao Rafael Correa, sussurrando: ‘Quem é essa mulher?’
Eu,como brasileiro,acharia interessante nossa presidente em uma relação com o maluco da Venezuela. Imaginem uma declaração de amor de Hugo Chávez para Dilma:
“Meu amor,hoje fechei 4 emissoras,declarei guerra contra cinco rádios clandestinas,coloquei nas escolas livros sobre minha vida e meus feitos históricos,e estou livre pra irmos ao cinema ver a prévia do filme sobre minha vida,com amor,sempre seu,Huguinho.”
É tocante. Dilma agora encontrou o maior problema desde Palocci.Que aliás,lembrando do caso,ela já está pegando o jeitão do seu gatão venezuelano. Dias atrás,declarou que quem estivesse contra Palocci,dentro do governo,ela mandaria demitir. É o sangue de Chávez correndo na voz da nossa presidente. Chávez,o amoroso,quase recitando uma poesia,disse ainda mais.Ele é hilário. Falou que é importante a consolidação da América do Sul como uma zona de paz. Que nós não queremos guerra, não queremos bombardeios, golpes de estados. Estamos unidos, conscientes e integrando-nos cada vez mais. Hugo é romântico,apaixonado por Dilma,e é piadista. O presidente venezuelano ao afirmar essa asneira,vai de contra a sua política de governo. Especialista em golpes de estado para continuação ininterrupta no poder,consagrado em bombardear a democracia e integrando-se cada vez mais com a ideia de que ele é um semi-deus,Hugo Chávez é a ponta do mapa que precisa ser apagada. Mas o amor fala mais alto. Dilma roubou seu coração. Dilma,antes da declaração poética do “sempre seu,Huguinho”,também falou algo que é muito interessante.Pessoas ilustres,políticas ou não,terminam relacionamentos com uma frase que é clássica entre as famosidades: “ Incompatibilidade de agendas”.Dilma,inspiração do venezuelano,diz que entre eles,o que mais combina,é a agenda. Ela disse: “"Nosso diálogo sobre os principais pontos da nossa agenda e todas as operações que realizamos mostram como são positivos e amplos nossos interesses comuns. Queremos realizar todo o potencial de integração promovendo cidadania e bem-estar aos nossos povos."O casal é perfeito. Dilma e Hugo. Hugo e Dilma. Brasil e Venezuela. Lula é um dos homens mais inteligentes da história. Sabendo que não poderia roubar o coração de Chávez,elegeu uma mulher para o poder. E mulher tem poder. Para sensibilizar Chávez,só uma mulher com a áurea de Dilma.O poder de ser,o homem da relação. Nada contra homens dominados. Até porque,o domínio é do amor e da admiração,e não da relação mulher-homem.
Ao cumprimentar Palocci,no dia em que fez a declaração para Dilma,Huguinho virou ao companheiro e disse: Fuerza,fuerza.
Ao olhar toda este envolvimento amoroso e a política do “nem sei o que acontece na Venezuela,lá tem democracia?” que o Brasil insiste em praticar,eu viro para nós meus amigos,e falo: Força,muita força. Porque se o amor é cego neste caso,eu estou curado da miopia. Feliz dia dos namorados.E para os novos namorados. Sejam brasileiros ou venezuelanos. Fuerza,amor,fuerza. Cada um que você apaixona...

Phelippe Duarte –
Cronista e poeta

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