Publicado  quarta-feira, 2 de junho de 2010

CAFÉ DA MANHÃ COM O POLÍTICO E O VOTO


-Meu Parque de Diversões é meu quintal predileto.Nele atuo há décadas e há décadas,não o limpo.É um estado de riqueza para mim e de tristeza para outros. Brincadeiras a parte,eu sou um palhaço reconhecido. Meu nariz vermelho só não é mais vermelho,porque pinta de vermelho o nariz de milhares de pessoas. Não me confundam com estrela e nem com Botafogo. Eu toco fogo e tiro o brilho alheio.
Sim,eu sou perverso.Meu brinquedo predileto é o trem fantasma. Fantasma é algo como se fosse um sobrenome,tal qual seria como no cartório,registrado como um grande banco sem paredes e sem tintas. Uma cidade de horrores. Parece que as pessoas não estão querendo mais entrar no meu picadeiro. Não entendo a nova onda agora,que é de tentar derrubar palhaços como eu,que tem história em quase todas as CPI´s e tem conta nas melhores pizzarias da Itália. Veja bem,esse verbo inicial da frase, ainda tenta me derrubar,mas ainda simpatiza comigo. Adoro ser notícia,comprada ou indesejada.
No quintal lá de casa,tem todo tipo de gente.Mas a maioria é pobre pedindo algo. Pense numa raça pidona. Depois de tanto tempo,resolvi atender. Eles que me dão de presente uma renovação do Parque a cada quatro anos,seja pra mim ou algum parceiro,então tenho que ajudar. Fiz umas escolas,umas ruas,criei uma nova cidade,e coloquei o meu nome e de uns parentes,que precisavam ser homenageados por serem meus parentes. Meu maior inimigo,publicou uma carta de revolta este ano contra mim e todos os meus aliados,que por maestria minha,são meus maiores inimigos.Sou um mestre na arte de fazer meus inimigos se ajoelharem ao meu redor. Mas este que abaixo fala em tom de ameaça ao meu reinado,nunca conseguirei dominá-lo realmente. Já perdi para ele,mesmo continuando no poder. Posso ter sido um zé ninguém. E hoje um vagabundo engravatado de primeira estirpe. Devo a este miserável,que tantas glórias me deu, seja pelas vezes que lhe dei dinheiro alheio ou pelas poucas vezes que me derrubou. Ele se mostra meu maior obstáculo mais uma vez. Eu,Ficha Suja como papel higiênico depois de um dia árduo de serviço,tenho maus pressentimentos para este ano.

“Caro palhaço. Nem venha tentar comprar minha passagem novamente. Cansei de aceitar teus subornos e de encarar a viagem final do meu caminho,tendo a sua foto como descanso por quatro anos no meu traseiro. Chega. É hora de me revoltar mais uma vez,como nos anos 80. Pena que não te peguei pela gravata,quando deu pra tirar só mais um de teus comparsas. O dinheiro do qual tentas me convencer é o mesmo que te condenará. Ninguém entenderá teu caixão de ouro podre por dentro. Não irão entender seu paletó Armani,cheio de estrume como o pobre do quintal da tua casa. Saberão que a diferença entre você e o ladrão de galinha,é que o ladrão de galinha é tão pobre que come a pobre da galinha duas vezes.
O meu dessa vez você não leva. O meu te apontará pelas ruas. Acabou malandro. A tua cadeira vai desocupar e nem que eu tenha que colocar ex-guerrilheiro ou qualquer outro no teu lugar,nem oposição você vai ser. Até mesmo os teus aliados inimigos que inventaram o tal da Ficha Limpa,que nem Limpa Ficha tem pra começar,serão capazes de te eleger. Tu tens a cara de Barbalhos,Arrudas,Calheiros,Genuínos,Inácios,Zés e mais Zés. E é só um tico que eu sei,fora a dor que tenho,de ainda prestar serviço para suas sessões de fachada.


Eu,voto,não estou a venda. Mas vendo a tua história por uma mísera vontade de ser livre. Meu estado não é tristeza e não será mais teu,não serei mais produto de supermercado e nem gado de leilão,vivendo de lances. Meu estado é esperança,apesar de não ser pré-histórico como um Dino,mesmo sendo “ssauro”. É alguma coisa,que não seja zé ninguém como você sempre foi e sempre será.


Seus políticos de Ficha Suja,limpem o dedo antes de me tocar. Limpem a boca,antes de discursar. Limpem o país,seu Parque de Diversões,para o verdadeiro futuro brincar. Eu, voto,não comprado e não sujo,digo sim contra você.”

-Diante esta carta,eu renuncio. Sou eu agora,voto e dinheiro vencido.

Phelippe Duarte

0 comentários: