AMOR CRÔNICO NA CRÔNICA
Dignos de um futuro diferente,somos prisioneiros de um fardo recente,encadeados pelos pés,as mãos presas por correntes.O que resta é falar,mas se falar é um Cálice de Buarque,resta- me apenas chorar. Chorar pelos que veem o amor como uma tortura.Rir pelos que silenciam-se diante o ódio do onanismo mental.Gargalhar,perante as escolhas que nos fazem melhor.Bocejar,quando os amantes preguiçosos resolverem acordar.
Desenhar corações rabiscados em árvores,será infantilidade de criança,ou eternidade exposta? Ler poesias ao pé do peito,soletrar M-E-U- A-M-O-R à platéia de quatro paredes...Magoar-se com a cultura que é,casar e divorciar...o útil ao desagradável em uma união desunida.
Propriamente dita e repetida é a vida dos enamorados,que despedaça-se como uma pétala no outono e exala dor à orgia dos beijos carnavalescos...
Debruçados em páginas de cadernos joviais,em linhas onde a matemática e a gramática amam-se como adolescentes em combustão,na resolução de somar e não dividir,de ter um sujeito,ao predicado...sujeito à amar,estão eles,estes mesmos,enamorados.
E quando ainda tento dar risadas em meio as marcas desatinadas de um egoísmo apaixonante do eu,no limiar de um relacionamento,vejo-me transbordando nos mesmos erros que saem do tom, ferindo versos de Vinícius,que só eles,são capazes de nos salvar. Comprometidos sem comprometimento,apelidados do ultrapassado verbo ficar, petrificam em uníssono a vontade de realizar além do sonhar. Namorar não é uma questão de dois e dois. É a veracidade de dois em um,mesmo quando anunciam em festas do dia 12,que a noite é do adultério. Puro despautério,desentendimento do amor,procura de dinheiro em cima da solidão alheia e da vergonha extinta dos traidores da paixão.
Quisera tantos corações fossem atentos a esta pronúncia,numa renúncia a um passado delirante,mordido por lábios produtores de palavras que magoam...Quisera que mil ouvidos estivessem ávidos por frases e respeito ao amor,como quando famintos pela musicalidade idiotamente retardada do rebolation. Bando de ouvidos burros! Ouçam os gritos da vida que ecoam a sua volta! Ouçam as vozes que o seu amor grita no silêncio de ambos! Ouçam as mentiras que evitam brigas,para dizer apenas que concordam com os desejos do outro... Amar também é amar o ego alheio,na plenitude de uma reciprocidade.
Resta-nos viver de raspas como Cazuza,numa alusão à morte do companheirismo,da troca de inteligência de uma cabeça à outra,no olhar torpe para o corpo de uma nova donzela...Desejar neste parágrafo,ainda é trair quando tem-se o amor de alguém ao lado. A hipocrisia é a nossa maior fraqueza perante as doçuras de namorar,e a infidelidade,tão estúpida,faz parte de um imenso mar de piranhas que tubarões hão de comer. Confiança não é pra ser forçada,é algo natural em um casal. Ou costumava ser.
Este futuro indigno que se forma,
Fortalece as correntes que nos ferem ao punho,correntes estas,
Acovardadas quando sentem o pulsar de velhos corações apaixonados.
Respeitemos quem nos faz rir como crianças.
Gargalhemos,de quem nos entendem,quando outros padecem sozinhos.
E até que a morte os separe,
Brindem à eternidade,mesmo que no instante único de um beijo molhado de adeus.
O amor não é e nunca será momentâneo,(enquanto apenas distração), é o desvio de dois olhares,que serão reféns de si para sempre.
Tinha que terminar o texto com um para sempre. Se não,quem há de ser feliz?
Phelippe Duarte
Publicado segunda-feira, 14 de junho de 2010
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Phelippe Duarte
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05:59
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