Publicado  segunda-feira, 9 de agosto de 2010

AGOSTUMAR-ME
Nunca precisei tanto de um motivo para sorrir.Mas como eu sei o que existe dentro de mim,afirmo que motivos a gente sempre tem,o problema,é que ficamos cegos pelo que a vida nos traz,e não enxergamos. Tenho saúde para trabalhar. Uma família,uma casa. O que é querer mais? Inventar motivo para sorrir? Talvez o complemento falte,mas tudo tem a sua hora,pendurado num tempo em que mastigamos o dia inteiro,para este mesmo tempo logo chegar. Ardo em brasas,sem pisar em fogo nenhum. Choro,sem a existência de lágrimas. Cavo minha dor? Não!A gente não sofre,o natural,é tentar ser feliz,mesmo com a desistência incomum da qual nos deixamos levar.(Se pudesse,eu seria um Se).Defasado,escrevo hoje sem querer ser lido. Estou com saudades e o tempo passa. E o tempo não me leva a saudade. Aumenta,não cessa. Eu sei que ele está me vendo de algum canto.(Se não acreditasse nisso,seria um Se). Me faz falta,porque ali eu me escondia do mundo,e estou exposto,com a ferida no peito que a vida marcou. Faminto sim,de novas ideias,de novos desafios,cansado de ser renegado por mim mesmo,depois de tantos “poréns” interiores. Não é um descaso,é um acaso. Nem foi para rimar,é acaso mesmo.Eu,comigo. Queria tanto um motivo para sorrir,que escuto a mesma música a horas,e parece ser a primeira vez que permito-me lembrar de coisas boas,ao ouvi-la.
“Love of my life...”

Amor da minha vida. Quando moleque,meu pai me levava para a escola,e no carro,lá pelas 06:50 da manhã,íamos escutando esta música. Às vezes por insistência,ou porque simplesmente,o cd tinha ficado no carro,resultado de um bom fim de semana. O percurso não era distante,mas cabia exatamente no contexto e nos 04: 39” que duravam a canção. São aqueles momentos em que você olha para a frente e afirma para si,numa contemplação de sentir “ o sempre” e de saber,que não importa quantos minutos ou segundos levam,mas sim o significado que fica pelo tempo. E pensa: Nunca me esquecerei disso! E desta forma,sinto que não perdemos ninguém. Na qualificação de partir, o físico é a moldura que se perde pelas beiradas,comida pelos trapos. As lembranças,seguram-se na paralisação de uma única subjetividade,no eu e tu,formando-se o nós. Quando escuto a música,lembro-me de todas as retas,curvas e esquinas do caminho percorrido não só,rumo à escola,mas de toda uma vida,pois o amor,fugindo de um rápido egoísmo,o amor é de todos que se envolvem.Sempre pensei no dia de hoje,desde o dia de ontem. Veja neste pensamento,o ontem, como 10 meses passados. Ressalto a dedicação e a importância do tempo nesta fase,que me fez não esquecer e aumentar minha saudade todos os dias,indo além de tudo o que eu poderia fazer para conter-me. Não quero esquecer o que aconteceu. Não quero esquecer que sinto falta. Isto alimenta memórias,serve como uma presença espiritual,guiadora. Lembre-se,mesmo que por minutos ou segundos qualquer: Não é dia dos pais. É dia da família.Assim vejo,pois sou filho,e o rosto de meu pai,observo no semblante de minha mãe e meus irmãos. Todo dia estou com ele. Nunca ninguém irá partir,guarde isso com você.Love of my life!O apreciar,o perceber e o entender,acompanha-me impiedosamente depois de qualquer memória sobrevivida ao longo do tempo. Aprecio o momento,com um sorriso saudoso. Percebo que estou no presente,mas com o pensamento compreensível de que o passado é o que mais alegra.Até entender, na imensidão dos acontecimentos,o dever que pauta minha vida: Seguir em frente,com pés e passos de Curupira.


...Nada mais eu gostaria de ver
Do que você carregando um pedaço de mim
Balançando em seus braços,rindo da situação
E a criança no seu coração,
Te chamando do que eu sempre quis escutar,mas nesta vida,não vai dar...
Quem sabe na próxima,quem sabe amanhã.
- Vovô,papai está rindo da gente.
Era pra ser assim.


Para os pais que me lêem,saibam que todo pedaço de ação realizada hoje,ficará na condição de vestimenta sempre,cicatrizada no coração da família.Nada de solipsismo. Para mim e tantos outros,hoje é o dia da família. Paz e compreensão,para todos os pais e filhos,porque é preciso amar,como se não houvesse amanhã. Love of my life! (Hurry back,hurry back).


Phelippe Duarte

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