ESCREVO NÃO,POSSO NÃO,MEUS DEDOS QUEREM NÃO
Fazer música,é saber ir além de um ensaio programado. Música é um termo que no linguajar atual da cultura brasileira,é o mesmo que babaca,no dicionário dos ignorantes. O babaca escuta música babaca. E assim sucessivamente.Ou seria, destruindo minha cota de neologismo,”desmentalmente?” Dá-me antojo.
O sucesso de música como “vou não,posso não,minha mulher não deixa não”,é um tapa na cara no meu processo lento e evolutivo de encontrar uma saída para ter esperança nos meus tímpanos surrados pelo mediocridade. Vamos analisar as estrofes da tal da letra. Perdoe-me a análise,poderíamos estudar alguma música,mas,preciso entender essa coisa na voz de alguns cantores da MPB,se daria certo,ao menos. Perdoe-me,mais uma vez.
Ei! Tu quer beber? Não quero, não
Não quer por quê? Por nada não
Tu quer fumar? Han han
Não quer por quê?
Não quer por quê? Por nada não
Tu quer fumar? Han han
Não quer por quê?
Esse início de frase,é uma pergunta corriqueira de um amigo para o outro,mais informal nos fins de semana. Ficaria lindo com o tropical Zeca Pagodinho ,ou na voz incrível da Alcione. Clássico.
Vou não, quero não, posso não
Minha mulher não deixa, não
Não vou não, quero não
Minha mulher não deixa, não
Não vou não, quero não
Falou em mulher,falou em Fiuk.. O cantor magricela cantaria nesta parte,deixando milhares de emos e reestartianos rasgando suas calças e roupas amarelas,verde-limão-flor-do-campo,azuis celestes,em um momento único de euforia. Mulheres loucas,meninas levadas,enquanto o papai Fábio Jr. entrava no final, com sua voz meio rouca, detonando tudo.
Ei! No meu fusquinha, vamos sai?
No Bar Central, DJ Sandro toca lá
E aí, lá em Marly, tem cabeça de gado. Venha!
No Bar Central, DJ Sandro toca lá
E aí, lá em Marly, tem cabeça de gado. Venha!
Claro.Quem mais falaria de carro nessa bela canção da MPB? Roberto Carlos. O rei trocaria seu calhambeque por um fusquinha,o Bairro da Tijuca pelo Bar Central,o maestro Eduardo Lages,pelo DJ Sandro e o amor pela eterna Maria Rita,pela Marly. Sim,em um jantar romântico no alto mar,comendo cabeça de gado.
Ei! Tem duas nega?
E aí? Vamos arrastar?
No Xanadu a gente bota o bicho lá
Quem es tu? Es boiolão?
Tu vai ou não
E aí? Vamos arrastar?
No Xanadu a gente bota o bicho lá
Quem es tu? Es boiolão?
Tu vai ou não
Caetano Veloso,mudaria o essencial amoroso desta estrofe,com seu jeito único de cantar e falar sobre “duas negas”. Gilberto Gil e sua flora vocal,entoaria o “Xanadu e o bicho de lá”. A palavra boiolão?Manda pro Caubi Peixoto.
A música viraria Best-seller da música popular brasileira. Daria documentário de gravação de estúdio,regravações em mais de 60 línguas. Enquanto a porcaria reina,e o mercado musical explode em babaquices, existem talentos joviais de incrível sucesso,com álbuns que distinguem totalmente em suas letras e melodias,da hipocrisia da nossa cultura.Nossa não,de quem chama lixo de música.
A volta dos meninos do rock,da Banda Antiquarius,não é um retorno pelo contorno do sucesso,no contrário do sentido exato da palavra,nem um temível fim. Afetada por imundices como a letra estudada neste texto,a Banda descansa nos braços do seu povo,para depois voltar como a nova cara da música de boa qualidade brasileira. Curemo-nos deste mal.
Até lá,tampão no ouvido ,porque já inventaram o “vou sim,posso sim”,e eu cheguei no limite da minha análise “babacal”.
Phelippe Duarte
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